Sempre fui louco por TV (tanto pelo aparelho, quanto por aquilo que ela transmite).
Há alguns anos, uma série prometia revolucionar o estilo suspense-policial-ação. E revolucionou!! Apesar de parecer complicado, o conceito era mostrar a cada temporada, em 24 capítulos de uma hora, o que aconteceria em um dia (tenso) de corrida contra o tempo para acabar com uma ameaça mundial. Podia ser uma bomba prestes a explodir ou uma arma química lançada contra a população. Rapidamente após seu lançamento, todos queriam ser Jack Bauer. Ele era O cara... Representava (e representa) o que todos nós queríamos fazer contra o mal, fosse um terrorista, fosse um batedor de carteira.
Pois agora, surge o tenente Wilson. Uma ficção com boa dose de realidade e uma verdade com uma pitada de poesia. Barba por fazer, uma barriguinha aparente, dirigindo um táxi, Wilson tem que enfrentar seus dramas pessoas e os bandidos que estão dentro da polícia. Posso estar completamente equivocado, mas Força Tarefa, às quintas, na Rede Globo, é uma das melhores e mais bem feitas atrações da televisão nos últimos tempos.
Muitos “entendidos” na arte de atuar dizem que o bom ator “desaparece no personagem”. Se encontrasse Murilo Benício na rua, com certeza lhe prestaria continência e daria boa tarde ao tenente Wilson. Ele não lembra em nada o famigerado Dodi, de A Favorita...
A idéia é mostrar como funciona (ou funcionaria) um departamento dentro da Polícia Militar carioca que investiga a própria corporação. Wilson simplesmente não admite corrupção. E volta e meia, um fantasma lhe aparece para colocar o dedo em sua consciência. “Como seria a polícia que você deseja Wilson”, indagou o amigo-oculto, que até agora não explicou claramente como morreu (se foi com um tiro na cabeça ou de tanto fumar). Todos sabemos que é o alter-ego do tenente, dizendo que a vida que ele busca é uma utopia. Mas quem não quer uma sociedade utópica??
Desde abril, quando estreou, Força Tarefa parece estar se aprimorando... Principalmente direção e produção vêm demonstrando estarem mais à vontade em suas funções. É interessante ver que, apesar das comparações, Wilson e Bauer são bem diferentes: enquanto o brasileiro quase não saca sua arma, o outro atira até quando vai ao banheiro. Wilson é frágil e por vezes sentimental. Bauer não está nem ai. Na série americana, o presidente é o melhor amigo do agente. Em Força Tarefa, Wilson não confia em quase ninguém... Em uma das histórias, o tenente foi morar numa favela para desbaratar uma milícia composta por policiais. Em 24 Horas, Jack Bauer está sempre com uma camisa bem cortada e o cabelo da moda...
Mas ao que tudo indica, Wilson é o alter-ego do brasileiro. É o cidadão que a maioria quer ser. Que odeia corrupção, que odeia ter sua dignidade roubada. Que quer ser uma pessoa melhor a cada dia e que vive suando para ser respeitado...
Em se tratando de produção, Força Tarefa tem uma fotografia diferenciada e uma edição ágil, o que torna a atração atraente (com o perdão da redundância). A ressalva são os colegas de Benício, que parecem artificiais em seus papéis.
Mas Força Tarefa não trata de atuações ou técnicas modernas de filmagens. Também está longe de ser 24 Horas, que tem Kiefer Sutherland como protagonista. Tentando não ser piegas e lugar comum, digo que o seriado tem sido uma bela oportunidade para colocarmos os pés no chão e deixarmos que a realidade nos invada de vez em quando. Nem que seja às quintas-feiras, logo depois da Grande Família (que essa, já foi bem melhor)...
0 comentários:
Postar um comentário