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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Banzé


Em uma das várias entrevistas que realizo a cada dia de trabalho, conversava com uma integrante da Vigilância Ambiental de Bento Gonçalves. O assunto era um projeto de conscientização das crianças em relação à "grande responsabilidade" que é ter um animal de estimação. Ela até me dizia que nas férias, o número de animais abandonados aumenta, porque as pessoas vão viajar e deixam os pobres bichinhos à deriva!! Acho isso uma baita crueldade com os animais, claro! Mas também é uma enorme crueldade com as crianças... com essa atitude, elas crescem achando que tudo no mundo é descartável. Tudo mesmo!!

E no mesmo bate-papo, que não pode durar mais de 10 minutos, já que estamos ao vivo e a fila anda, lembrava de um dos muitos cachorros que tive na minha infância. Todos eles saíram da minha vida por causa de morte morrida ou morte matada... Sim, eu também tive um cachorro envenenado por um criminoso que não sabia o significado de ser criança... E ai fui lembrando da Lesse, do Banzé, e do Piti, que tinha 7 vidas e a gente jurava que ele tinha alma de gato. Ele andava pelos telhados como um gato, caia de alturas enormes e com as patas pra baixo, como um gato, corria atrás de ratos, como um gato... só não miava. Anos depois, batizamos um gato de minha irmã com o mesmo nome do cachorro.

Já do vira-lata Banzé (que na minha memória, era bem parecido com esse da foto que achei na web, só que branco), lembrei que durante boa parte de minha terceira série, ele foi pra aula comigo. Ele se postava embaixo do quadro negro e a professora Marilce tinha que desviar dele pra escrever. E certa vez, meu pai teve que ficar em casa por causa de uma cirurgia e nos levava pra aula com o Banzé. Mas não estava acostumado com a idéia do cachorro entrar em aula comigo. O Banzé também não estava acostumado em não poder entrar na sala.

O “embate” entre meu pai e o cachorro acabou com o primeiro atirando o segundo por cima da cerca. Resultado: pontos da cirurgia arrancados e o cãozinho bastante magoado com os “humanos”. Demorei vários dias pra convencer o Banzé de que meu pai não era tudo aquilo.

Meses depois, um veneno enrolado a um pedaço de carne acabou com nosso relacionamento. Lembro da cerimônia de despedida que todos nós (inclusive meu pai) fizemos ao Banzé. Nunca consegui tirar da memória o trabalho que o Banzé tinha em provar que fazia parte da família.

Saudades daqueles tempos.

1 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto verídico!!! :)
Cresci ouvindo (tb) a história do Banzé!...
Bjos