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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Uma dor, vários sentimentos

Quando entrei na sala, segurava um copo que foi preenchido mais de vinte vezes com água. Só depois, percebi que a vista no oitavo andar daquele prédio bem localizado era espetacular. Todos os ambientes tinham um janelão. Talvez para quebrar o gelo da situação. O aroma era de um perfume suave. Algo que lembrava rosas, ou um jardim florido... Tanto a primeira, quanto a segunda pessoa a conversar comigo tinham uma maneira carinhosa de tratamento, demonstrando que sabiam EXATAMENTE o que eu estava pensando ou sentindo. Nunca associei aquele lugar à palavra "conforto". Mas, nos 60 minutos seguintes, a dor insuportável que sentia foi substituída pela paz e o "zen surfismo" (como diria Lulu Santos).

Foram poucas as vezes na minha vida que cheguei tão perto de uma mulher, esperando apenas acabar com uma dor. “Posso colocar um gole a mais de água na boca”, perguntava eu, enquanto alguns botões eram pressionados e assessórios eram preparados na pequena mesa colocada estrategicamente ao alcance das mãos. “Claro”, respondia ela, com voz muito suave e carinhosa. De repente, uma espuma começou a tirar minha dor. Logo em seguida, uma pequena picada fez o restante do trabalho.

“Dói aqui”, perguntava ela, tocando em diferentes locais.
“Ã... ã...”, respondia eu.
“E aqui?”
“ãrã!!”
“E agora?”
"Ã... ã...”

Depois de mais algumas picadas e um diálogo que somente nós dois entediamos (mais ela, do que eu), o barulhinho inconfundível começou: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.....

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
zzzzzzzz.... zzzzzzzzzzzzzz..... zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz....
zzzzzzzzzzzzzzzzz.... zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.... zzzzzzzzzzzzz...

O incrível é que já havia lido (e festejado) que este som não seria mais ouvido porque novas tecnologias haviam sido aprovadas pela categoria. Mas lá estava ele! Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.... E o mais incrível é que ele é extremamente útil e deu muito certo!

Começava ali, meu "tratamento de canal", anunciado desde a década de 90. De lá para cá, fiz de tudo para que isso não acontecesse. Tomei e testei analgésicos, participei de sessões de curandeirismo, fiz figa, fiz de tudo!! Mas não consegui evitar. Acordei na manhã desta segunda-feira, 1 de dezembro de 2008, com uma das maiores dores físicas que já senti. Latejante, grudenta, inarrável... Inesquecível!!! E graças àquelas duas mulheres (uma delas operando a maquininha do zzzzzzz), minha dor se foi, mas com promessa de voltar!!

Tá, já tenho nova sessão marcada, na semana que vem...

Até lá, que todos os cirurgiões dentistas estejam iluminados e cheios de paz. Para eles e todos vocês, o grande Lulu.


Bjão

3 comentários:

Anônimo disse...

Até que enfim se rendeu!!!!! ahahahahahaha Muito bom texto!!!

Gabriel Lain disse...

afude o texto... entregou o jogo só no final... isso dá um bom roteiro para um curta!!
yeah!
há brazzo

Jota Junior disse...

Gabriel e Cathryn, vcs estão me fazendo acreditar hein?! Cuidado!! Vlw pela força...