Uma das histórias mais marcantes da minha vida... não, pensando bem, BOA PARTE das histórias marcantes da minha vida envolvem uma jovem senhora chamada Maria Elisa Boeira Teles e que completou mais um aniversário neste 1º de julho...Uma vez, lá no início dos anos 80, ela precisou fazer uma cirurgia dentária e eu só queria saber de jogar futebol, subir em árvores e criar amizades na bagunça! Meus irmãos pequenos, uma casa pra cuidar e uma profissão pra tocar, Dona Elisa chega cheia de dor e com um semblante de alguém que precisava se recuperar de um “atropelamento de trem”. Nunca vou esquecer daquela cena: minha mãe tentando fazer o menos de esforço possível, com quatro sisos a menos e a boca completamente inchada. Acho que naquela época, as anestesias na cadeira do dentista não eram tão eficazes quanto hoje. Mesmo assim, a vida continuava, as crianças precisavam almoçar, tinham que ir pra escola, enfim... E a cria aqui chega com três amigos pro almoço!! Hehehe... No lugar dela, eu teria mandado todos pra casa “da mãe Joana”!! Mas não, minha mãe simplesmente colocou mais três pratos à mesa e foi a maior festa. Pelo menos pra nós... acho até que pra ela também, apesar das dores que ela estava sentindo.
O bom de ter sido criado por Dona Elisa foi sua juventude constante... Sua força quase inabalável, sua fé no futuro, seu olhar clínico e crítico das coisas... Somos quatro filhos e, por enquanto, três netas, dois genros e uma nora, além, claro de meu pai... Todos vivemos em torno daquilo que acontece com ela. Se ela está de bom humor, todos nós estamos, se o mau humor paira sobre sua cabeça, todos nós ficamos de mau com a vida. Ela sempre diz que não, que é impressão nossa, que ela NÃO dita as regras. Mas todos sabemos que é totalmente ao contrário. Agora, não pense que estou reclamando, muito pelo contrário. Não sei (e não sabemos) viver de outra forma!!
Em outros tempos, a bagunça continuava sendo meu estilo de vida. Já tinha uns 13, 14 anos e o futebol e a zoação continuava sendo meus principais objetivos. Passava mais tempo na rua, com os “conhecidos” do bairro, do que em casa... Um belo dia resolvi inovar: buscamos em todas as casas conhecidas, jornais velhos e muito, mas muito “Durex”. Cada um de nós, uns três ou quatro, fez um rolo usando bastante jornal velho, presos com a fita. Eram nossas armas! Sim, fizemos uma batalha de jornal velho, enrolado com Durex. Pense num pedaço de pau, retirado da madeira mais forte. Foi assim que ficaram! A “guerra” durou uns 15 minutos. Dona Elisa, da janela, observava tudo pacientemente. Quando o combate encerrou, fui pra casa. Ela, furiosa, depois de muito gritar sobre os perigos da brincadeira e tal, disse: “suba e deite de bunda pra cima que vou te bater pra você aprender a fazer a coisa certa.” Repito: já tinha uns 13 anos, mas nem pensei duas vezes... Subi e esperei o açoite!!
Moral da história: não faça isso em casa, é perigoso, você pode quebrar uma costela, o nariz ou a cabeça...
Dona Elisa é assim: vital pra sobrevivência de qualquer filho!Quando minha filha nasceu, minha Mulher precisou ser hospitalizada. A pequena Giulia tinha pouco mais de dois meses. Dona Elisa simplesmente tomou a pequena em seus braços e levou para si, a responsabilidade de “criar” o bebê por aquelas semanas. E todos nós sabemos o quanto um recém-nascido dá trabalho. A cada três ou quatro horas, dia e noite, mamá, fraldas, banho... Só por isso, já deveria ser muito grato a essa mulher lutadora, guerreira e muito fiel. Aliás, fidelidade é um dos sobrenomes da Maria Elisa. Fiel como mulher, como mãe, como avó, como sogra, como matriarca de uma família quase às avessas...
Foi ela quem me ensinou a ler, a ver as coisas de outro ângulo. Foi ela quem me explicou como se faz para levar a vida. Ela me ensinou a assistir televisão. Ela também me ensinou a não assistir televisão. Ela me mostrou como conversar, como escutar e como me fazer de surdo. Ela estava a meu lado nas minhas derrotas, nas minhas vitórias e nas minhas dúvidas. E, às vezes, não estava! Às vezes ela escolhia não estar, justamente para continuar ensinando... Posso não ter feito da maneira como ela esperava que eu fizesse, mas pode acreditar, muito do que fiz foi levando em consideração seus ensinamentos.
Portanto, neste 1º de julho, só posso agradecer e dizer que, no futuro, nossas vidas têm que continuar assim mesmo. Com Dona Elisa sendo nossa guia, nossa “ditadora”, nossa professora, nossa Nave Mãe... Parabéns Mãe!!
1 comentários:
ADOREI,ADOREI,ADOREI!!!!
ESSA MULHER DE FIBRA E CORAGEM MERECE TODAS AS HOMENAGENS.
PARABÉNS PELO QUE ELA É E PELA FAMÍLIA QUERIDA QUE ELA TEM.
ANDREIA GONZALEZ GOMES
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